setembro 20, 2004

Feliz Aniversário...

Talvez influenciado pela carta anterior, resolvi novamente voltar a escrever uma carta de aniversário. Desta vez para uma pessoa diferente.
Uma carta muito menos alegre que a anterior com ideias muito fragmentadas, algum sofrimento na alma e uma saturação da rotina fatigada. É quase uma carta de despedida, na qual tento dizer algo que a minha boca não o conseguiria dizer.
A pessoa para a qual escrevi esta carta nunca a chegou a lêr.




Pois é....
Mais um ano....
Mais um ano que passou,
Mais um aniversário para celebrar.

É aqui que começam os problemas...
Que prenda dar a uma pessoa que não nos deu prenda de natal....
A uma pessoa que não nos deu prenda de anos....
E pior ainda, que não se lembrou dos nossos anos....

Pois é.... Que prenda dar a esta pessoa???
E será que ela merece uma prenda???
É claro que uma pessoa perdoa....
Aliás, perdoa TUDO...
Principalmente quando se gosta,
Uma pessoa perdoa até de mais!

Depois, é claro, toda a gente merece prendas...
TODA a gente!!!

Vistas as coisas por este lado seria injusto da minha parte não oferecer uma prenda....
Por mínimo que seja....
Aliás é uma coisa que já te tinha prometido há muito tempo,
Por isso, não será mais do que a minha obrigação....

Espero que gostes da minha prenda,
Espero que sempre que a ouças te lembres de mim,
É apenas uma lembrança,
Como tudo na vida....
Tudo são apenas lembranças...................

Algumas boas,
Outras más,
Como tudo na vida,
Altos e baixos.

É sempre bom termos algo de alguém
Que podemos sempre recordar.
Dar algo que nos identifique,
Que deixe sempre marcada a nossa presença.

No final,
Contas feitas,
O meu trabalho acabou.
Já nada tenho a fazer de relevante.
Já tens um emprego,
Já tens uma casa,
Já tens a tua privacidade,
Já tens a tua autonomia.

No meio disto tudo deixo de ter valor...
A minha luta acabou.
Quando tudo está bem,
Quando já não há ajuda precisa,
Quando já não há nada de útil a fazer,
Deixo de ter razões para continuar a trabalhar.

E, tal como tinha prometido,
Até as coisa estarem bem,
Eu não arredava o pé.
Mas quando as coisas estivessem bem,
Quando tudo estabilizasse,
Eu, quando muito bem entendesse,
Abandonaria o barco.

Ora, visto que o meu trabalho acabou,
Visto já não ter razões para lutar,
Visto estar tudo bem,
É chegada a minha hora!

É claro que custa
E é claro que nunca será um verdadeiro abandono,
Pois estarei sempre à deriva,
À espera de um ou outro naufrago que possa cair do barco
E necessite da minha ajuda...


Às vezes necessitamos de recuperar forças,
De pensar se realmente é aquilo que queremos,
Se estamos a agir bem ou mal,
E que consequências podem trazer essas acções para nós....

2000

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