novembro 02, 2009

Constatação de um facto!

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São tantas as vezes que no Hospital me pedem para despir que já ponderei seriamente a hipótese de abandonar a minha vida miserável para me tornar Stripper!

setembro 14, 2009

It’s Fair Play!

A história é simples. Há um jogador do Ajax que se lesiona a meio de uma jogada e a equipa adversária, num gesto desportivo, joga a bola para fora do campo para o jogador do Ajax ser assistido pelos médicos.
Quando a partida recomeça a bola está nas mãos Ajax. O jogador do Ajax numa atitude honesta, já que eles foram simpáticos em atirar a bola para fora, tenta devolver a bola à equipa adversária mas inacreditavelmente marca um golo.
O que se passa a seguir é um exemplo de puro desportivismo, de honra e de honestidade.

(Obrigado Spranger por teres partilhado comigo esta relíquia…)


Como antagónico do desportivismo e do bom senso temos este exemplo passado num jogo de preparação (nem sequer era um jogo oficial…) do Benfica.
Podia marcar a diferença entre um país civilizado como a Holanda e a República das Bananas que é o nosso país, mas não vou entrar por aí. Cada um que tire as suas conclusões!

setembro 06, 2009

O paraíso perdido!

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Não foi fácil chegar ao paraíso. Foi preciso ir passar um fim-de-semana com o Rui Spranger a Vouzela e ouvir falar de um sítio recôndito perdido no meio do nada. A curiosidade aguçou-se mas a dificuldade de dar com o sítio era grande, até que apareceram duas almas caridosas (Bruno e Gonçalo, eram os seus nomes) que por vias travessas sabiam dos nossos planos. ”São vocês que querem ir até ao paraíso??” perguntaram cautelosamente.
Eu e o Rui trocamos olhares nervosos e respondemos em uníssono: “Sim!”.
“Então sigam-nos que nós vos indicaremos o caminho.” e montaram no seu cavalo alado de quatro rodas enquanto eu me esforçava por manter o ritmo com a minha carroça “aluada” a que dou o nome de Jimmy.

Tinham-me prevenido que não era fácil, que o caminho era difícil e arriscado em alguns pontos, mas foi preciso alguma coragem para atravessar a montanha mágica através de curvas e contra-curvas, subidas e descidas de grande inclinação e ravinas com milhares de metros de altura em terra batida cujos buracos que pareciam pisadas de elefantes. Isto tudo à impressionante velocidade de 30 km. Sim, é preciso alguma coragem para chegar ao paraíso.
Quando finalmente avistamos novamente o cavalo alado de quatro rodas respiramos de alívio, sabendo que tínhamos chegado ao destino mas, estávamos redondamente enganados. Só tinha acabado a primeira fase.
A segunda fase era uma prova de coragem, resistência e perseverança. O primeiro passo consistia em invadir uma propriedade privada (Sim, claro! Todos nós sabemos que o paraíso tem um dono. Só não sabemos muito bem quem é) cuja parte mais dura da prova era saltar uma cerca com cerca de 50 cm. “Puf, Puf!”, pensava eu mas, o caminho de martírio ainda estava a chegar. Foram precisos mais 15 de minutos a descer e trepar calhaus escaldantes (diz-se que não se chega ao paraíso sem sacrifício… eu é que não acreditava), escorregando aqui e ali, atravessando verdadeiras nuvens de moscas, mosquitos e outras coisas que tais até que por detrás de umas rochas escaldantes vislumbramos o dito paraíso:

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No meio do nada, no maior dos sossegos e num silêncio apenas perturbado pelo barulho da água, três poços recheados de uma agua tão transparente como o mais finos dos cristais ligados por pequenos trajectos celestiais (entenda-se por pedras escorregadias e a ferver acompanhadas por moscas gigantes que picavam como o raio, de celestial tinha pouco mas preferi-lhe chamar assim). Até jacuzzi havia naquele pequeno paraíso:

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”Sabem, é bom que para chegar aqui seja difícil, porque senão nesta altura isto estava cheio de gente a fazer ruído, a água já não seria transparente e isto já não seria o paraíso… como já aconteceu noutros sítios.” explicaram-nos os nossos guias alados e escusado será dizer que nós os quatro ficamos a tarde toda sozinhos naquele recanto deliciados com tanta beleza e calma.. Não é todos os dias que vemos o paraíso com os nossos próprios olhos e o podemos desfrutar em pleno.

agosto 31, 2009

O anoitecer da alma

Anoitecer


dedicado a Joaquim Castro Caldas

Sabes Joaquim, hoje faz um ano que tu nos abandonaste e a Poesia ficou mais pobre depois disso.
Mas este ano foi muito mau para nós.
A seguir a ti foi o João Bénard da Costa que partiu e o Cinema ficou mais pobre.
Como se isto tudo não bastasse, as artes decidiram-se juntar e ser solidárias com o empobrecimento das outras e vem a vez da Dança ficar mais pobre com a perda de Pina Bausch e logo seguida pelo Merce Cunningham.
(Se quiseres juntar aqui a música, o Michael Jackson também morreu ou melhor… obrigaram-no a desertar!)
Juntou-se o Raúl Solnado e a Comédia empobrece radicalmente.
E o teatro, o nosso querido teatro não podia ficar para trás e, para grande surpresa nossa, foi a Isabel Alves Costa que nos deixou irremediavelmente mais pobres…

É Joaquim… este ano a crise não foi só financeira foi também artística e enquanto a financeira tem solução, a artística é irremediável e dói mais. Só espero que no meio disto tudo se encontrem todos num cantinho paradisíaco depois da segunda nuvem à esquerda e a vossa arte possa continuar a iluminar os outros.

agosto 05, 2009

Neve em Agosto


Neve em Agosto


E se conseguíssemos manipular o tempo?

Ou se houvesse algo de mágico que o parasse

Pará-lo por um segundo apenas, não… um micro-segundo

E se nesse micro-segundo alterássemos o rumo das coisas

e fosse possível fazer um certo desvio, subtil.

Então esse micro-segundo seria algo tão belo como se nevasse em Agosto.

julho 21, 2009

10 peças de Teatro da minha vida


(por ordem alfabética, para não haver confusões...)

Peça Companhia
3 num baloiço Assédio
À espera de Godot CCB/ Teatro Meridional
European House Teatro Lliure
Exit Teatro de Marionetas do Porto
História Natural Matarile Teatro
Nada ou o Silêncio de Beckett Teatro de Maionetas do Porto
The Pillow Man - O Homem Almofada
Teatro Maria Matos
Ratos e Homens Teatro Art' Imagem
Tributo a Buster Keaton Corda Bamba
Yepeto Seiva Trupe

Ficam de fora desta lista: "(A)tentados de Martin Krimp" pela Assédio (versão 1 e 2), "Paisagem Azul com Automóveis" e "Boca de Cena" do Teatro de Marionetas do Porto e "Pisa-Relva" do Teatro de Ferro, porque trabalhei nesses espectáculos (como criativo ou como técnico) e por isso sou suspeito...

julho 12, 2009

A regular day II

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O teu dia de trabalho corre normalmente. Escadas para cima, escadas para baixo. Reunião no Gabinete A, Reunião no Gabinete C, meter conversa com a menina do Gabinete B e finalmente sentar em frente ao computador. Trabalhas uns minutos no computador até este te dar uma mensagem no ecrã: “Please Wait”.... Ok! Tens tempo para fumar um cigarro. Sobes as escadas que dão até ao exterior e voltas a cumprimentar a menina do Gabinete B à passagem.
Cá fora, estás sentado a apanhar sol enquanto acendes o cigarro. O calor do sol na cara sabe-te bem, inspiras o fumo e finalmente relaxas... Agora percebes porque é que Deus inventou a pausa do cigarro. Bendita seja!
Toca o telemóvel. É do banco a dizer que a tua transacção ainda não foi feita porque falta assinar uns papeis, perguntam se podes dar lá um salto ainda hoje, sabes que será impossível e tentas negociar para o dia seguinte, eles previnem que se for no dia seguinte a transacção demorará mais uma semana. Desligas o telemóvel irritado e sentes novamente o cérebro a latejar... “Foda-se! Foda-se!”. Atiras nervosamente o cigarro para o meio do passeio e regressas ao computador para tentar acabar o trabalho.
Após alguns minutos a maldita frase “Please Wait...” volta a assombrar o teu ecrã. É tempo de ir tomar um café. Diriges-te até à máquina, escolhes a opção “Café Super-forte” e enquanto a máquina prepara o café o segurança chama-te de urgência ao Gabinete D “O Senhor Director precisa de falar consigo”.
Sais a correr sem esperares que o café saia. Chegas ao Gabinete D impaciente à espera de algum problema grave porém, o “problema grave de urgência nacional” é que as colunas de som do computador do Senhor Director deixaram de dar som. “É que não consigo ouvir os powerpoint's que me mandam, sabe?” responde o Senhor Director. Engoles em seco, fazes um esforço para não te sair uma chuva de insultos pela boca fora e aproximas-te da secretária calmamente. Após uma breve vista de olhos apercebes-te de que o cabo das colunas está desligado e resolves o “problema grave de urgência nacional” com o simples gesto de ligar o cabo verde na porta verde.
Regressas à maquina de café que por sorte ainda tem o café à tua espera, pegas na chávena e sais novamente para o exterior quando nisto, toca o telemóvel. É a Sandra, sim a Sandra!, lembrou-se de ti e quer marcar um jantar contigo. O teu coração dispara, tentas explicar que vais sair tarde do trabalho e já tens marcado um copo com o amigo que encontraste essa manhã. “Deixa lá! Fica para outra altura.” diz ela com uma voz triste, “Um dia deste combinamos qualquer coisa!”. Sabes perfeitamente que aquela frase mata qualquer tipo de hipóteses de voltar a acontecer qualquer coisa do género e sentes novamente o cérebro a latejar... “Foda-se! Foda-se! Foda-se!” Olhas para o céu e perguntas: “Porquê eu??”. Tentas dar a volta ao assunto, dizes que vais desmarcar o copo com o teu amigo e marcas um jantar com ela.
Desligas o telemóvel e provas finalmente o maldito café que, obviamente, já está mais que frio. Cospes instantaneamente a mistela que se encontra na tua boca e praguejas bem alto. Voltas irritado à máquina do café tiras novamente um café “Super-forte”, a máquina avisa-te que já não tem café, só Leite e Chá. Irritado pedes um chá preto e fechas-te no teu gabinete o resto do dia, saindo ocasionalmente para fumar um cigarro tentando evitar ao máximo qualquer contacto visual com outros seres “ditos” humanos.

julho 09, 2009

Dar tudo por tudo!

Esforço

Uma das lições de vida mais valiosas que me deram, foi há uns anos atrás quando um “sábio louco” (ou um “louco sábio”, nunca sei muito bem…) chamado Fernando Rodrigues durante um processo criativo complicado se virou para mim e disse: “Sabes: Nunca deves habituar uma pessoa a dar-lhe tudo… porque chegará o dia em que lhe dás tudo o que é humanamente possível e ela achará pouco!”
A verdade é que esta frase assombra-me desde esse dia, pois ela aplica-se tanto à vida pessoal como à profissional. A sua veracidade é de tal modo grande que se torna insuportável viver com ela.
Às vezes tento esquecê-la ou até ignorá-la mas, mesmo quando nos esquecemos ou estamos mais distraídos a vida teima em nos ensinar que aquela frase não tem nada de errado. Acho que as minhas insónias começam aqui…

junho 30, 2009

A regular day I


Acordas meia hora antes de ir para o emprego. Levantas-te, lavas-te (sem tomar um banho decente) e comes qualquer coisa. Isto tudo a correr a correr. Já estás quase a sair de casa quando a vizinha do 3º esquerdo te chama pelo vão das escadas. “Ó menino! Não pode vir cá acima dar-me uma ajuda? É coisa rápida!”. Sabes que nunca é “coisa rápida” por isso pedes desculpa e aceleras pelas escadas abaixo. Sais de casa disparado e encontras um colega teu da escola que já não vias há quase 10 anos. Dás duas de letra com um sorriso aberto, sem querer ser mal educado mas, no fundo já estás a entrar em stress. Olhas ansiosamente para o relógio e tentas acelerar a conversa. “Desculpa, estou muito atrasado! Podemos combinar um copo para outra altura?” Trocam de número de telefone, cumprimentam-se e corres desenfreadamente para o carro.

Para teu azar o carro está “entalado” e obriga-te a um número inimaginável de manobras para o conseguires tirar do sítio. Estás cinco minutos atrasado, por isso prego a fundo, deixa de haver passadeiras, cortesias, semáforos amarelos ou prioridades.
Dez minutos de atraso e na rotunda o trânsito está parado pois parece que um palerma qualquer estava atrasado para o emprego e, não travando a tempo, espetou-se por baixo de um autocarro. “Estes camelos vão atrasados para o emprego e pensam que a estrada é toda deles...” pensas irritado enquanto te apercebes de que não tens por onde fugir. É frustrante. Estás a 3 minutos do teu destino, atrasado e sem ponto de fuga. Sentes o teu cérebro a latejar... "Foda-se!"
Com muito jeitinho, vais tentando chegar à berma da estrada depois de muitos “se faz favor”, “posso?” e “obrigado!”. Estacionas o carro no primeiro “buraco” que te aparece pela frente. Sais e partes em passo de galope. Chegas finalmente com meia hora de atraso ao teu local de trabalho. Os teus superiores olham para ti de lado, tentas arranjar mil e uma desculpas, todas elas esfarrapadas, enquanto eles abanam a cabeça tristemente.

junho 18, 2009

Desconhecimento de Causa


É impressionante como um estranho sabe tanta coisa sobre nós que os nossos amigos desconhecem...
Deve ser da imparcialidade... ou da distância... podem ver mal ao longe... também podem ouvir mal... não sei...

maio 29, 2009

Chega!

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Estou farto!
Estou farto da pobreza, da riqueza e da classe média.
Estou farto da fome, da gula e da fartura.
Estou farto de comprimidos, drogas e ansiolíticos.
Estou farto de tabaco, álcool e cafeína.

Estou farto disto!

Estou farto de cães, gatos e outros quadrúpedes.
Estou farto de revistas, jornais e telejornais.
Estou farto de ler, escrever e imaginar.
Estou farto do mundo, das estrelas e do universo!

Estou farto de ti, meu amor!
Estou farto deles!
Estou farto de vocês!

Estou farto de que me digam que sou boa pessoa.
Estou farto de ser um monstro.
Estou farto de mim
e estou farto de estar aqui sentado à espera que a Morte chegue!

Estou farto disto tudo!
Tenho que me levantar
Tenho que sair daqui
Tenho que fazer alguma coisa

Estou farto de estar farto!

maio 11, 2009

Purgatório


Ele já tinha descido ao profundo dos infernos, rastejado pela lava incandescente e sentido o seu coração a carbonizar. Com algum custo conseguiu subir, subir e subir até tocar o céu com a ponta dos dedos e sentiu-se nas nuvens mas, como tudo o que sobe também desce... desceu contrariado e encontra-se agora numa espécie de limbo, um sítio decrépito, frio e solitário, mas sente-se confortável pois qualquer que seja o desvio que o destino lhe proponha, já sabe o caminho que tem de percorrer.

abril 23, 2009

Casamento a Prazo

Ele era casado com o seu trabalho. Era uma opção de vida que tinha tomado à alguns anos. Dedicara-se de corpo e alma a essa relação, abdicando de outras distracções mundanas.
Agora, sentia que o trabalho lhe estava a pedir o divórcio e ele não percebia muito bem o porquê de tal separação, deparando-se agora com a solidão.

abril 14, 2009

A Publicidade

Carne

“Baixamos o Bife de Boi!”, dizia um letreiro com letras garrafais à porta do talho.
À medida que me fui aproximando vi umas letras pequenas que se encontravam por baixo do letreiro: “Por favor, visite a nossa cave!”
Senti-me burlado!

abril 04, 2009

O Hóspede

1ª Parte


2ª Parte


Corria o ano de 2002 e estava a chegar o Setembro. Um jovem sonhador sonhava em fazer uma curta metragem. “Uma curta metragem de terror, de terror antigo como nos tempos do Vincent Price ou do Bela Logosi teria piada” pensava ele enquanto folheava um conto de Bram Stoker “O Hóspede de Drácula”. Drácula! A personagem que sempre o acompanhou na juventude teria de ser o motivo principal para avançar para uma curta, aliás era o assunto que melhor dominava, quer literário, quer cinematográfico… Esse jovem sonhador era eu, claro.
Após ler compulsivamente o conto (e criar uma imagem muito própria do mesmo) fui, com a exaltação de um miúdo que descobre um doce novo, expor a minha ideia a um “amigo fotógrafo” que, após ler o conto e perceber a minha visão, aceitou prontamente o desafio da direcção de fotografia (e a partir daí continuou a trabalhar comigo, o suicida! Coitado….).
O passo seguinte foi falar com malta amiga (alguns actores, outros palhaços/mimos e outros figurantes que acabaram por “tropeçar no tripé da câmara”) através da Acaro e da Apiarte.
E a curta começou a tornar-se numa pequena homenagem às pessoas envolvidas no projecto e, com tudo pronto, em meados de Setembro já estávamos no meio do bosque sem dinheiro e com a câmara mais foleira que nos veio parar às mãos, mas em três dias e meio resolvemos o assunto. Tudo nas calmas, sem stress e em espírito de amizade com alguma borga pelo meio.
O que eu não estava à espera é que essa passividade das filmagens passasse para a curta e que esta acabasse por se transformar numa viagem intimista e introspectiva, na qual acabo por revelar demasiado sobre mim próprio, sobre a minha maneira de ver as coisas e, de certa maneira, um pequeno piscar de olhos a algumas referências do cinema fantástico que sempre me perseguiram.
Em princípios de 2003, em plena fase de montagem, começa a jornada da sonoplastia, com algumas noitadas, para conseguir chegar ao som pretendido para cada cena e em meados de 2003 podemos finalmente declarar o trabalho por acabado.
A verdade é que sem a ajuda do Rui, do Tó, do Sérgio, da Patrícia, do Osga (e as nossas noitadas...) e do Mário, com a paciência e a mesma vontade de trabalhar por amor à camisola, a curta não teria corrido tão bem...

”O Hóspede” acabou por ser um trabalho que já odiei e que já adorei e depois voltei a odiar, etc… mas passados 6 anos vejo-o agora com alguma saudade. Vejo alguns erros naturais de um primeiro trabalho e fruto da minha inocência na matéria. Há uma ou outra cena que abomino completamente e farto-me de bater com a cabeça na parede sempre que as vejo, perguntando porque raio é que não repeti aquela cena mais umas vezes, como é que eu não reparei na altura que aquilo estava a sair mal?? As pressas do tempo, o sol que vai fugindo, aquela “hora mágica” que dura só alguns minutos e o facto de eu me ter recusado a fazer um “reshotting” das cenas são os culpados disso, mas no fundo acho que é esse lado “cru” que dá alguma naturalidade à curta, que a torna pelo menos honesta.
É estranho pensar que a curta que foi feita sem qualquer tipo de meios (com muita ambição, é certo mas, sem qualquer tipo de pretenções) é provavelmente o meu melhor trabalho até hoje… talvez por todos estes factores.

março 29, 2009

O Defeito Humano

A “Guerra dos Clones” que se está a passar agora com o Markl, fez-me pensar um pouco.
O Twitter é “uma nova forma de comunicação” (ou se preferirem a versão do vídeo: um ponto de encontro de falhados que não têm amigos…) que está a criar verdadeiros fanatismos, quer se seja a favor ou contra, porque o Twitter é um sistema que se gosta ou se odeia, poucos são os que estão na gama intermédia.

Os casos mais curiosos são:
1- os que adoram o sistema e não querem que se torne “popularucho”, como se pode ver aqui: link, (algo que será inevitável como sabemos dos casos anteriores de sistemas de comunicação, como o Hi5 ou o Facebook) e daí crescerão as confusões e os desentendimentos levando a um “twittercídio” de uma das partes. (A vida é um ciclo e estes sistemas também… a seguir ao Twitter virá outra coisa qualquer e mais uma volta, mais uma viagem.)
2- um grupo de fãs que adoram a “Fail Whale”, imagem de erro do Twitter quando este está cheio. Cujo merchandising vai desde camisolas até tatuagens. (A curiosa história desta imagem pode-se ver aqui: link)

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3- E depois, claro está, os sistemas de comunicação têm a característica de revelar o “lado oculto” das pessoas, para o bem e para o mal (enquanto o Hi5 revela o lado lamechas das pessoas, enviando corações, ursos dançantes, beijos de todas formas e feitios, etc. e etc. não se viu livre de alguns clones, sendo a maior parte vírus…, já o Orkut, por exemplo, teve no Brasil pragas de intrometidos (stalkers) que mexeram com muito boa gente). É assim inevitável o aparecimento de um grupo de “lontras” que não tem nada que fazer e começa a criar contas falsas (ou clones) e divertem-se a ridicularizar e insultar as outras pessoas. É uma espécie de spam mas muito mais grave, pois interferem com valores morais… (Infelizmente a selva “internética” é dada a este abusos um pouco por todo o lado devido à sua aparente anarquia. Felizmente à sempre um botão “block user” à mão, embora às vezes um pouco tarde de mais, enfim…).

Mas os meios e sistemas de comunicação podem ser muito mais do que isto: podem (e deveriam) ser uma excelente fonte de informação, de divulgação, podem… se as pessoas assim o quiserem. É como dizia o HAL em 1968 no “2001 Odisseia no Espaço” de Stanley Kubrick: “Sou incapaz de cometer um erro. De certeza que o problema é falha humana.”, antes de começar a matar a tripulação devido a um "bug" interno.
Vendo bem o Arthur C. Clark estava 40 anos avançado no tempo.

março 28, 2009

Ultracongelado

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Se vais arrotar postas de pescada
Certifica-te que a pescada é fresca!

março 27, 2009

Não sorrias mais

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Não sorrias mais. O teu sorriso perturba-me.
Mesmo na mais profunda obscuridade ele é capaz de iluminar um salão de baile e isso deixa-me de rastos.
Não sorrias mais. O teu sorriso reduz-me… a nada!

E afasta de mim esses olhos. Põe-me as pernas a tremer.
Fico mole. O coração começa a bater mais forte e a bombear sangue desnecessariamente a um corpo que está impotente perante o teu sorriso.
Fecha os olhos e não sorrias mais. Por favor!

Mas à noite, se te apetecer, abre os olhos e sorri gentilmente
para assim me deitar no teu sorriso e adormecer sobre o teu olhar.


(P.S. – A Jessica Alba veio aqui parar por mero acaso. Juro!)

março 20, 2009

A menina de cabelo dourado

Conto infantil que se deve esconder de adultos gulosos

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Todos os dias antes de ir para a escola a menina de cabelo dourado abria o armário para se olhar ao espelho e ver se não se tinha esquecido de nada. Era um mero passatempo, fazia-o só por fazer, não era por vaidade. Até que um dia, para seu grande espanto, ao abrir o armário reparou que do outro lado não se encontrava um espelho, mas sim um céu azul com nuvens.
Ao princípio não quis acreditar e esfregou os olhos com alguma força. Olhou novamente e viu que o céu azul ainda permanecia do outro lado do armário. Fechou e abriu a porta do armário, olhando à volta para se certificar de que ainda se encontrava no seu quarto. Nada de novo, nada de espelho. Dentro do armário continuava o mesmo céu azul. Meteu a cabeça dentro do armário, olhou atentamente para a paisagem e com grande surpresa reparou que o céu não tinha chão.
As nuvens iam passando lentamente e quando finalmente se aproximaram do armário a menina pode ver que eram feitas de algodão doce. A curiosidade invadiu-lhe o corpo e, ganhando coragem, saltou para a nuvem mais próxima. Provou um pouco da nuvem para ter a certeza de que eram feitas de algodão doce e alegremente confirmou a sua suspeita. “E é dos bons!” disse para si mesma.
Após se deliciar saltou para a nuvem seguinte, apesar de doces as nuvens não eram muito cómodas para se ficar muito tempo parada pois o açúcar ia-se derretendo em contacto com a sua fina pele. A melhor maneira de investigar o local era ir saltando de nuvem em nuvem. “Sempre é menos peganhento”, pensava.
Quando chegou à décima quarta nuvem, olhou para trás e viu que o seu armário era quase um ponto no horizonte. À sua volta só se encontravam nuvens e em baixo avistava-se umas pequenas formas que deveriam ser umas montanhas. “Devem ser altíssimas mas daqui parecem pequenas tartarugas”.
Subitamente ouviu ao longe um pequeno ruído. Não se apercebeu logo de onde vinha o som e teve de se concentrar com força para ouvir com atenção. Era uma espécie de miar que vinha do seu lado direito e desatou a saltitar rapidamente nessa direcção. Algumas nuvens depois viu, para seu espanto, um gato feito de chocolate preto que parecia estar preso numa nuvem. O gato mal a viu calou-se fitando-a muito atentamente e num miar suave apontou-lhe para a pata traseira que estava submersa na nuvem. “Pobre coitado”, pensou ela enquanto se aproximava do gato para examinar cuidadosamente a pata. “A sua pata esta-se a derreter com o açúcar da nuvem”,disse “acho que o consigo ajudar” e com muito jeitinho desenterrou a pata da nuvem. “Já está meia derretida e mole. Isto deve doer, 'tadinho.” pensava enquanto tentava modelar novamente a pata do gato à semelhança das outras. No final deu-se por satisfeita com o resultado pois quase nem se notava a diferença.
O gato deitou-se no colo da menina e ronronou em sinal de agradecimento mas, de repente levantou-se, olhou em volta e saltitou rapidamente de nuvem em nuvem, tão rápido que a menina assustou-se sem saber o que se tinha passado. “Espera por mim!” e seguiu-o com algum custo porque ele era rápido e ágil demais para a pobre menina. À medida que iam correndo pelas nuvens a menina apercebeu-se que o gato dirigia-se em direcção a umas nuvens mais escuras, meio acinzentadas.
Já corriam há uns minutos quando um vulto montado numa nuvem cinzenta começava a aproximar-se no horizonte. O gato parou finalmente miando baixinho para a menina que tentava chegar à sua nuvem arfando compulsivamente. Ela olhava atentamente para o vulto que se aproximava vendo que afinal se tratava de um belo rapaz. “Até parece um príncipe”, suspirou internamente.

– Afinal estavas aqui safado! Andei a manhã toda à tua procura – disse o “príncipe” ao chegar perto do gato.

– Estava com uma pata presa numa nuvem. Tive de o ajudar a soltar-se. – respondeu a menina.

– E tu o que estás aqui a fazer? – perguntou ele que ainda não tinha dado pela presença da rapariga – Não devias estar aqui. Ainda é muito cedo para andares por aqui.

Ela explicou-lhe o que lhe tinha acontecido aquela manhã e como tinha aparecido ali, enquanto o “príncipe” afagava o gato feito de chocolate preto e a escutava com atenção.

– Ah! – disse o “príncipe” quando a menina acabou de contar a história – Isso explica muita coisa, mas não podes ficar aqui muito tempo. Houve um erro. Ainda não pertences a este lugar, ainda tens muito que aprender antes de vir para cá.

– Não me podes levar contigo? – perguntou a menina com um olhar doce – Gosto muito deste sítio e não quero voltar já para casa.

– Não! Tens de voltar para o teu armário rapidamente antes que ela te descubra.

– Ela? – perguntou ela com ar curioso – Quem é ela?

– É uma senhora muito velha e às vezes muito má! É ela que transporta as pessoas para o outro lado – respondeu o “príncipe” apontando para as nuvens escuras – Se te vê por aqui vai querer levar-te e aquele lado é muito mau. Não serve para ti, minha pequena. Tens de partir já!

– Mas... e tu? Vais ficar aqui sozinho? Posso ao menos visitar-te de vez em quando? – lacrimejou.
– Não te preocupes comigo. Eu também já pertenço a este lugar há muito tempo e quando chegar a altura certa havemos de nos encontrar, mas ainda é cedo. Segue aquelas nuvens e irás dar ao teu armário.

A menina fez um pequeno beicinho enquanto olhava para o seu “príncipe” e afagava carinhosamente o gato de chocolate preto.

– Adeus gatinho. Vou ter saudades tuas. – disse com uma voz trémula, inclinando-se depois para dar um beijo na face do “príncipe”.

– Agora vai e não olhes para trás. - disse ele apontando-lhe o caminho e a menina partiu em direcção ao seu armário.

O caminho ainda era um pouco longo e quando finalmente a menina chegou ao armário já se encontrava cansada. Antes de entrar ainda olhou à sua volta em forma de despedimento e recolheu uma boa porção de nuvem. “Seria um desperdício não levar um pouco deste algodão doce para casa” pensou.
Ao entrar no seu quarto foi surpreendida pela sua mãe que entrara naquele exacto momento.

– Ainda estás aí? – resmungou a mãe – Vê se te despachas, senão chegas atrasada à escola. O pequeno almoço já deve estar frio. Nem parece teu. O que se passa contigo? Parece que estás nas nuvens.

A menina olhou confusa para o pequeno relógio que tinha ao lado da cama. Só se tinham passado dez minutos desde que ela tinha entrado no armário, mas sabia que isso não era possível pois tinha passado a manhã inteira com o gato e o “príncipe”. “Teria sido um sonho?” pensou. “Não. Ainda tenho aqui algum algodão doce e as minhas roupas estão peganhentas” e voltou a olhar para dentro do armário, mas só viu o seu reflexo no espelho.

Os anos foram passando e a menina cresceu. Nunca falou a ninguém da sua aventura, mas todos os dias de manhã abria o seu armário na esperança de encontrar novamente o céu azul do outro lado, mas nunca encontrou nada além do velho espelho. Até que uma manhã, já a menina estava velhinha, deitada na sua cama, muito doente, quando a porta do seu armário se abriu. Com a pouca força que lhe restava ela sorriu na esperança de rever o seu “príncipe”. Mas o que passou daquela porta não era o “príncipe”. Era uma figura estranha vestida de preto da qual mal se via a cara mas que aparentava ser uma velha senhora. “Deve ser a tal senhora de que o “príncipe” me falou.” pensou a menina assustada mas, mal a velha senhora se aproximou, sentiu uma paz interior que só tinha sentido no meio das nuvens de algodão doce. Estendeu-lhe o braço e calmamente fechou os seus olhos soltando um pequeno suspiro. A velha senhora fez-lhe um festa na testa e voltou para o armário.
O “príncipe” encontrava-se numa nuvem do lado de fora do armário e esperava ansiosamente o regresso da velha senhora. Quando esta saiu, saltou imediatamente para a nuvem mais próxima e fixou-a com uns olhos esbugalhados. “Posso finalmente ficar com ela?” pensou sem chegar a abrir a boca. A velha senhora pôs-lhe a mão no ombro e acenou afirmativamente com a cabeça. Ele agradeceu e entrou no quarto da menina que dormia agora profundamente. Afagou-lhe os longos cabelos que outrora tinham sido dourados, pegou na velha menina ao colo e transportou-a para dentro do armário.
Saltitou por entre as nuvens durante alguns minutos até chegar à décima quarta nuvem, que era suficientemente grande para conseguir pousar a menina e ainda não a tinha pousado totalmente quando ela abriu os olhos. Ela notou, para sua grande surpresa, que tinha voltado a ser uma pequena menina, tal como da primeira vez que ali tinha estado, sorriu e abraçou o “príncipe” fortemente até que o som de um miar a fez olhar para trás. Era o gato de chocolate preto que tinha aparecido para a visitar e trazia com ele a sua família: uma gata feita de chocolate branco e dois filhotes de chocolate de leite. Perante este cenário, a pobre menina não conseguiu conter uma pequena lágrima que lhe escorria agora pela face.

─ Bem vinda. ─ disse o “príncipe” ─ Portaste-te bem e finalmente chegaste aqui.

─ Tive que esperar muito para isso, ─ disse ela comovida - mas valeu a pena. Tinhas razão, ainda era muito cedo. Não estava preparada para desfrutar deste mundo.

─ E ainda não viste nada. Há mais meninos como tu. Anda! ─ disse ele pegando na mão da menina com um enorme sorriso ─ Vou-te mostrar o que está para lá das nuvens.

E juntos dirigiram-se para uma zona onde as nuvens eram de um tom rosa muito forte.

março 13, 2009

Jardim Político

Macacos

- Não tem vergonha de deixar a cidade entregue à bicharada? – perguntaram-me agressivamente noutro dia ao culparam-me de deixar escapar acidentalmente os animais do zoo, acho que as panteras pintaram a manta na cidade.
- Eu? – perguntei atónito porque não fazia ideia do que estavam a falar – A culpa não será de quem votou neles? É que eu votei na oposição!

março 08, 2009

Isto não é um post

Em Branco

Se eu quisesse escrever algo de interessante, abria o computador, deparava-me com o horror de uma página em branco e escrevia a primeira coisa que me viesse à cabeça.

Este não foi o caso!

março 07, 2009

A masturbação da Arte

Draft

Uma produção, profissional ou amadora, deve respeitar alguns princípios básicos tanto a nível criativo como técnico. Não se fazem omoletes sem ovos, logo não se faz um espectáculo sem luz ou som (e principalmente público).
Infelizmente esquecem-se muitas vezes da base das bases criativas e técnicas. Um técnico de som surdo, um técnico de luz cego, um técnico de vídeo (se houver vídeo na peça) estrábico ou míope (de preferência um estrábico míope) mais um apresentador gago e estamos a meio caminho andado para uma mega produção “amadora” cheia de cor, som e fúria.
Mas isto é só o princípio, este é o mal menor. O problema é quando se esquecem do público, quando faltam ao respeito a quem assiste aos seus devaneios.
Não se pode fazer um espectáculo totalmente virado para dentro, egocentrista. Assim deixa de ser um espectáculo e passa a pura masturbação artística. Não se pode fazer um espectáculo esquecendo a quarta parede, ignorando a dezena ou centena de pessoas que está ali a pagar.
Não se pode encher um palco, iluminado por um cego, com uma centena de pessoas ao monte e achar que a coisa vai funcionar. O resultado será uma mancha confusa e só se consegue ver mais ou menos uma meia dúzia de pessoas, os restantes são decoração.
Não se pode fazer um espectáculo com sketches de 5 a 6 minutos e ter 20 minutos de intervalo entre eles (já basta a puta da TVI).
Isto é insultar as pessoas, é uma total falta de respeito, quer pelo público, quer pelos intervenientes (que estão a dar a cara, pela merda que os outros fizeram).
Estou farto de espectáculos que não respeitam o público, que são tão virados para dentro que desligam de tudo o resto que está à volta e isto aplica-se ao teatro, à dança, ao cinema, à performance, à música, etc... Há tanta gente com talento nestas áreas e que está encostada para canto à procura de trabalho e eu pergunto-me: “Porquê??? Porque é que não se chama essas pessoas, nem que não seja só para aconselhamento?”
A arte não deve ser “masturbatória”, a arte deve servir-se, faz-se para agradar alguém e esse alguém não é o autor ou o actor ou o músico ou o dançarino ou o performance… é o público, o que paga para ver, o que no final aplaude em forma de agradecimento (que voltem as pateadas, por favor…). A arte deveria ser no seu expoente máximo o Club Silencio, uma mera ilusão!
É claro que há algumas louváveis excepções como o caso do Coro de S. Tarcísio, um coro amador feito por amadores que apesar de não terem meios, nem dinheiro, conseguem fazer espectáculos com qualidade profissional, sem nunca se esquecerem de agradar a quarta parede que nem sequer tem de pagar para ver os concertos...

fevereiro 27, 2009

Cinzeiros

ashtray1

Desde pequeno que me lembro de se oferecerem cinzeiros às pessoas no natal e noutras épocas festivas mesmo quando não havia fumadores em casa (o que eu sempre achei estranho oferecer um objecto que a família não vai usar), mas podia chegar sempre alguém que fumasse e não poderia ser mal recebido, por isso toca a encher a casa de cinzeiros e tornou-se num objecto decorativo (de vidro, porcelana ou cristal). Nalguns casos um objecto de tal valor "sentimental" que era proibido utilizar o cinzeiro, para não estragar (de que raio serve um cinzeiro se não se pode utilizar?). A minha casa não era excepção, nunca faltou cinzeiros apesar de os meus pais não fumarem e eu só começar a fumar aos meus dezassete anos (e mesmo assim não fumo em casa).
Desde o principio do novo milénio (talvez um pouco antes, com toda a paranóia anti-tabagista) o cinzeiro tornou-se num objecto maldito, desapareceu da vista, evaporou-se no ar. Agora é raro encontrar uma mesa ou móvel com um cinzeiro pousado e quando há cinzeiros estão escondidos no canto mais refundido da casa ou numa estante a uma altura inalcançável (obra de arte??), isto tirando obviamente algumas excepções de fumadores compulsivos em que a casa toda é um enorme cinzeiro.
Mas o que me mete mais confusão é que ainda há um pequeno número de pessoas que oferecem cinzeiros a casas onde não se fuma ("se queres fumar, vais lá para fora ao frio e à chuva"). “Ah! É muito bonito (Bonito? É só a merda de um cinzeiro!), mas aqui ninguém fuma.”, respondem com um sorriso amarelo rasgado, “De qualquer maneira muito obrigado!” e toca a pôr o cinzeiro na caixa de prendas rejeitadas e que servem para oferecer a outro papalvo no próximo natal (sim, ainda há muitas pessoas que oferecem no natal as prendas de que não gostaram no natal anterior).
Nós somos quase como os cinzeiros. Um pequeno utensílio que vira, inexplicavelmente, de um momento para o outro um objecto de decoração e de apreciação sobrevalorizada e também de um momento para o outro e de maneira inexplicável torna-se odiado, rejeitado e posto para canto sendo despachado mal se possa para talvez mais tarde vir a ser novamente apreciado e depois quiçá odiado, etc, etc, etc. Não é irónico, Alanis Morrisste?

smokinjesus

fevereiro 21, 2009

Pensa sempre em grande

panico

Se um dia apetecer atirares-te para debaixo de um carro, pára e pensa um bocado.
Pensa em grande. Atira-te para debaixo de um autocarro.

fevereiro 18, 2009

Jimmy


Comecei a chama-lo "Jimmy" desde muito cedo, numa "espécie de homenagem" ao Jim Morrison, mas que muita gente acha o nome um pouco piroso para um SEAT Ibiza CLX de 1995. Tirando esse aspecto acho que o resto é por inveja. Inveja de não terem um carro tão sofisticado como o meu, visto estar equipado com a melhor tecnologia de ponta.
Vejamos: Começa pela fabulosa cilindrada de 1100cc que nas descidas atinge velocidades vertiginosas e nas subidas, devido ao carro ser "pouco" pesado, consegue uma velocidade fantástica de 60 Km por hora, mesmo na auto-estrada e com um pé de fora a ajudar.
Depois temos o fabuloso "fecho central a quatro mãos", uma fabulosa maneira de distribuir tarefas e dar uma lição de interajuda como equipa.
Uma mala que obriga sempre a sair do carro para a abrir, quer faça sol ou chuva, mantendo as pessoas em forma com o entra e sai constante, ao contrário do que acontece na maioria dos carros que possuem um botão ou alavanca no interior para esta função, fazendo com que os condutores cedam ao pecado mortal da preguiça.
O rádio é tão sofisticado que até se confunde um painel da SEAT dissimulado na consola central com a vantagem de estar sempre em Mute interagindo perfeitamente com as 4 colunas topo de gama da marca "Népias", que impede assim de ferir os pobres ouvidos dos seus ouvintes. (Isto se ninguém começar a cantar, é claro.)
Um carro deste calibre tem obrigatoriamente de vir equipado com bons pneus. Ao principio tinha uns Michelin que não só davam estabilidade ao carro, como obrigavam a um esforço redobrado ao dar as curvas, visto que o carro veio equipado sem aquelas mariquices de direcção assistida para, mais uma vez, manter em forma os seus condutores. Mudou-se mais tarde para uns pneus de melhor qualidade da marca "Rafeirex" que adicionaram a vantagem de em dias de chuva nem ser preciso virar muito o volante, pois o carro acaba por fazer a curva sozinho. Às vezes até bem demais, acelerando assim o batimento cardíaco de quem conduz e dos transeuntes que assistem a tal peripécia evitando assim que uma pessoa sofra de baixas tensões, mostrando novamente uma preocupação pela saúde das pessoas.

Com esta tecnologia de ponta, acabo por poupar dinheiro em idas ao ginásio, ao cardiologista ou otorrino. Acho que é por isso que as pessoas invejam o meu carro e o facto de eu ainda ser magro.

fevereiro 15, 2009

Beijo Envenenado




Quando me beijaste pela última vez, levaste nos teus lábios uma boa parte da minha existência...


fevereiro 11, 2009

Before & After


Diz-se que o melhor do sexo é o copo antes e o cigarro depois.
Continuo a achar que se esqueceram de qualquer coisa pelo meio...


fevereiro 04, 2009

Obsessivo Compulsivo


Não saías de casa. Lá fora é muito perigoso. Eles andam por aí! Podes morrer atropelado ou levar um tiro na cabeça sem motivo algum. Não! Não saias. Cede à preguiça e esconde-te debaixo dos lençóis... mas antes barrica as janelas de tua casa, tranca as portas, eles vêem-te, eles perseguem-te. Arranja uma máquina de escrever para desabafares, compra um computador para te entreteres, mas nunca o ligues à net!! Eles sabem tudo o que tu fazes se o ligas à net. Nem ligues a TV. Não vejas esse lixo manipulativo. Só serve para te comerem a cabeça. Não. Não! Esconde-te debaixo da cama. Não saias de lá, nunca. Desliga o telefone, eles escutam-te, eles telefonam-te e dizem que é só um inquérito, mas no fundo estão-te a lavar o cérebro. Esconde-te, tranca-te, barrica-te, perde todo o contacto com o mundo. É a única maneira de preservar a pouca sanidade mental que te resta.

janeiro 23, 2009

Sprangeliza-te!

Ode às noites do Pinguim

Antes havia o nada.
Depois apareceu o Pinguim com o Luís e a Fernanda.
Logo a seguir veio o Joaquim e do nada nasceu uma estrela.
Uma estrela tão brilhante que ninguém podia dizer que não se passava nada nas noites do Porto.
Agora já não há nem Luís, nem Fernanda, nem Joaquim.
Mas há o Paulo e o Rui e as segundas continuam a iluminar a cidade.
Enquanto o Paulo serve finos,o Rui lê calma e melancolicamente, acompanhado pelas notas dedilhadas pelo Blandino e a voz doce e suave da Sara.
E a magia renasce!
O Paulinho recita poemas com as mãos. O Blandino toca mais uma música. "Mais um fino!" e o Rui lê mais um poema do Joaquim.
Quem diz que não se passa nada no Porto, não sabe o que diz, pois basta descer os degraus do Pinguim e sofrer o processo de Sprangelização.

(Este texto vai ficar à espera ad eternum por uma foto do Tó Rodrigues)


janeiro 21, 2009

Juntos


E se fugíssemos para a montanha?
Só tu e eu?
Juntos.
Sozinhos.
Sem compromissos e sem responsabilidades,
Viveríamos como eremitas.
Juntos.
O mundo seria nosso.
Só nosso e de mais ninguém.
E aí, talvez, pudéssemos morrer em paz.
Juntos...

janeiro 19, 2009

Olhar o Voar

(Rima de amor com um toque de estupidez)



Que linda menina vai ali a passar
com majestoso andar.
Enqunato os cabelos flutuam ao ar,
sorri ao ver o pássaro voar.
"Doce donzela de terno olhar,
queres ir até lá casa para casar?
"

Bem... só não disse para foder
porque foder não rimar
e o resto já voçês imaginar.