março 07, 2009

A masturbação da Arte

Draft

Uma produção, profissional ou amadora, deve respeitar alguns princípios básicos tanto a nível criativo como técnico. Não se fazem omoletes sem ovos, logo não se faz um espectáculo sem luz ou som (e principalmente público).
Infelizmente esquecem-se muitas vezes da base das bases criativas e técnicas. Um técnico de som surdo, um técnico de luz cego, um técnico de vídeo (se houver vídeo na peça) estrábico ou míope (de preferência um estrábico míope) mais um apresentador gago e estamos a meio caminho andado para uma mega produção “amadora” cheia de cor, som e fúria.
Mas isto é só o princípio, este é o mal menor. O problema é quando se esquecem do público, quando faltam ao respeito a quem assiste aos seus devaneios.
Não se pode fazer um espectáculo totalmente virado para dentro, egocentrista. Assim deixa de ser um espectáculo e passa a pura masturbação artística. Não se pode fazer um espectáculo esquecendo a quarta parede, ignorando a dezena ou centena de pessoas que está ali a pagar.
Não se pode encher um palco, iluminado por um cego, com uma centena de pessoas ao monte e achar que a coisa vai funcionar. O resultado será uma mancha confusa e só se consegue ver mais ou menos uma meia dúzia de pessoas, os restantes são decoração.
Não se pode fazer um espectáculo com sketches de 5 a 6 minutos e ter 20 minutos de intervalo entre eles (já basta a puta da TVI).
Isto é insultar as pessoas, é uma total falta de respeito, quer pelo público, quer pelos intervenientes (que estão a dar a cara, pela merda que os outros fizeram).
Estou farto de espectáculos que não respeitam o público, que são tão virados para dentro que desligam de tudo o resto que está à volta e isto aplica-se ao teatro, à dança, ao cinema, à performance, à música, etc... Há tanta gente com talento nestas áreas e que está encostada para canto à procura de trabalho e eu pergunto-me: “Porquê??? Porque é que não se chama essas pessoas, nem que não seja só para aconselhamento?”
A arte não deve ser “masturbatória”, a arte deve servir-se, faz-se para agradar alguém e esse alguém não é o autor ou o actor ou o músico ou o dançarino ou o performance… é o público, o que paga para ver, o que no final aplaude em forma de agradecimento (que voltem as pateadas, por favor…). A arte deveria ser no seu expoente máximo o Club Silencio, uma mera ilusão!
É claro que há algumas louváveis excepções como o caso do Coro de S. Tarcísio, um coro amador feito por amadores que apesar de não terem meios, nem dinheiro, conseguem fazer espectáculos com qualidade profissional, sem nunca se esquecerem de agradar a quarta parede que nem sequer tem de pagar para ver os concertos...

2 comentários:

R.Rosmaninho disse...

Apoiado!

patapi disse...

Infelizmente a tendência é esta! Cada x mais se vêem produções "artísticas" q só servem de entretenimento aos próprios produtores! Nada mais é levado em conta! Agradar a algumas, cada x mais, cabecinhas ocas, q de cultura nada têm! E dps ainda me vêm com a história dos espectáculos alternativos, esses sim com algo interessante para mostrar, mas sem apoios nem nada do género, qd na realidade o q devia ser alternativo são esses espectáculozinhos deprimentes! Viva a cultura portuguesa!