fevereiro 27, 2009

Cinzeiros

ashtray1

Desde pequeno que me lembro de se oferecerem cinzeiros às pessoas no natal e noutras épocas festivas mesmo quando não havia fumadores em casa (o que eu sempre achei estranho oferecer um objecto que a família não vai usar), mas podia chegar sempre alguém que fumasse e não poderia ser mal recebido, por isso toca a encher a casa de cinzeiros e tornou-se num objecto decorativo (de vidro, porcelana ou cristal). Nalguns casos um objecto de tal valor "sentimental" que era proibido utilizar o cinzeiro, para não estragar (de que raio serve um cinzeiro se não se pode utilizar?). A minha casa não era excepção, nunca faltou cinzeiros apesar de os meus pais não fumarem e eu só começar a fumar aos meus dezassete anos (e mesmo assim não fumo em casa).
Desde o principio do novo milénio (talvez um pouco antes, com toda a paranóia anti-tabagista) o cinzeiro tornou-se num objecto maldito, desapareceu da vista, evaporou-se no ar. Agora é raro encontrar uma mesa ou móvel com um cinzeiro pousado e quando há cinzeiros estão escondidos no canto mais refundido da casa ou numa estante a uma altura inalcançável (obra de arte??), isto tirando obviamente algumas excepções de fumadores compulsivos em que a casa toda é um enorme cinzeiro.
Mas o que me mete mais confusão é que ainda há um pequeno número de pessoas que oferecem cinzeiros a casas onde não se fuma ("se queres fumar, vais lá para fora ao frio e à chuva"). “Ah! É muito bonito (Bonito? É só a merda de um cinzeiro!), mas aqui ninguém fuma.”, respondem com um sorriso amarelo rasgado, “De qualquer maneira muito obrigado!” e toca a pôr o cinzeiro na caixa de prendas rejeitadas e que servem para oferecer a outro papalvo no próximo natal (sim, ainda há muitas pessoas que oferecem no natal as prendas de que não gostaram no natal anterior).
Nós somos quase como os cinzeiros. Um pequeno utensílio que vira, inexplicavelmente, de um momento para o outro um objecto de decoração e de apreciação sobrevalorizada e também de um momento para o outro e de maneira inexplicável torna-se odiado, rejeitado e posto para canto sendo despachado mal se possa para talvez mais tarde vir a ser novamente apreciado e depois quiçá odiado, etc, etc, etc. Não é irónico, Alanis Morrisste?

smokinjesus

fevereiro 21, 2009

Pensa sempre em grande

panico

Se um dia apetecer atirares-te para debaixo de um carro, pára e pensa um bocado.
Pensa em grande. Atira-te para debaixo de um autocarro.

fevereiro 18, 2009

Jimmy


Comecei a chama-lo "Jimmy" desde muito cedo, numa "espécie de homenagem" ao Jim Morrison, mas que muita gente acha o nome um pouco piroso para um SEAT Ibiza CLX de 1995. Tirando esse aspecto acho que o resto é por inveja. Inveja de não terem um carro tão sofisticado como o meu, visto estar equipado com a melhor tecnologia de ponta.
Vejamos: Começa pela fabulosa cilindrada de 1100cc que nas descidas atinge velocidades vertiginosas e nas subidas, devido ao carro ser "pouco" pesado, consegue uma velocidade fantástica de 60 Km por hora, mesmo na auto-estrada e com um pé de fora a ajudar.
Depois temos o fabuloso "fecho central a quatro mãos", uma fabulosa maneira de distribuir tarefas e dar uma lição de interajuda como equipa.
Uma mala que obriga sempre a sair do carro para a abrir, quer faça sol ou chuva, mantendo as pessoas em forma com o entra e sai constante, ao contrário do que acontece na maioria dos carros que possuem um botão ou alavanca no interior para esta função, fazendo com que os condutores cedam ao pecado mortal da preguiça.
O rádio é tão sofisticado que até se confunde um painel da SEAT dissimulado na consola central com a vantagem de estar sempre em Mute interagindo perfeitamente com as 4 colunas topo de gama da marca "Népias", que impede assim de ferir os pobres ouvidos dos seus ouvintes. (Isto se ninguém começar a cantar, é claro.)
Um carro deste calibre tem obrigatoriamente de vir equipado com bons pneus. Ao principio tinha uns Michelin que não só davam estabilidade ao carro, como obrigavam a um esforço redobrado ao dar as curvas, visto que o carro veio equipado sem aquelas mariquices de direcção assistida para, mais uma vez, manter em forma os seus condutores. Mudou-se mais tarde para uns pneus de melhor qualidade da marca "Rafeirex" que adicionaram a vantagem de em dias de chuva nem ser preciso virar muito o volante, pois o carro acaba por fazer a curva sozinho. Às vezes até bem demais, acelerando assim o batimento cardíaco de quem conduz e dos transeuntes que assistem a tal peripécia evitando assim que uma pessoa sofra de baixas tensões, mostrando novamente uma preocupação pela saúde das pessoas.

Com esta tecnologia de ponta, acabo por poupar dinheiro em idas ao ginásio, ao cardiologista ou otorrino. Acho que é por isso que as pessoas invejam o meu carro e o facto de eu ainda ser magro.

fevereiro 15, 2009

Beijo Envenenado




Quando me beijaste pela última vez, levaste nos teus lábios uma boa parte da minha existência...


fevereiro 11, 2009

Before & After


Diz-se que o melhor do sexo é o copo antes e o cigarro depois.
Continuo a achar que se esqueceram de qualquer coisa pelo meio...


fevereiro 04, 2009

Obsessivo Compulsivo


Não saías de casa. Lá fora é muito perigoso. Eles andam por aí! Podes morrer atropelado ou levar um tiro na cabeça sem motivo algum. Não! Não saias. Cede à preguiça e esconde-te debaixo dos lençóis... mas antes barrica as janelas de tua casa, tranca as portas, eles vêem-te, eles perseguem-te. Arranja uma máquina de escrever para desabafares, compra um computador para te entreteres, mas nunca o ligues à net!! Eles sabem tudo o que tu fazes se o ligas à net. Nem ligues a TV. Não vejas esse lixo manipulativo. Só serve para te comerem a cabeça. Não. Não! Esconde-te debaixo da cama. Não saias de lá, nunca. Desliga o telefone, eles escutam-te, eles telefonam-te e dizem que é só um inquérito, mas no fundo estão-te a lavar o cérebro. Esconde-te, tranca-te, barrica-te, perde todo o contacto com o mundo. É a única maneira de preservar a pouca sanidade mental que te resta.