agosto 16, 2004

Sombra

Na sequência de "Eco" nasce uma outra vertente da mesma metáfora.
É um bocado o explorar da mesma ideia, mas desta vez de um modo introspectivo... um ano mais tarde.


A SOMBRA
Eu andei sempre sozinho no mundo. Nunca tive muitos amigos e os que tive foram curtas amizades. Raramente falava com alguém e normalmente só falava em último recurso. Para comprar comida, por exemplo.
Mas, à uns tempos atrás reparei que alguma coisa me andava a seguir. Perseguia-me por todo o lado, em qualquer lado que ia sentia a sua presença. Mas às vezes de noite desaparecia, o que me deixava curioso.
Então aí reparei que afinal não andava sozinho no mundo e que tinha alguém que me seguia sempre. Alguém que se torna forte em dias de sol, mas também fraco à noite.
Desde então a minha vida mudou radicalmente e, hoje, já tenho alguns amigos. Mas o meu melhor amigo sempre foi, e sempre será, aquele que, embora não possa falar, sempre me acompanhou desde o principio e que me acordou para a vida.
Como ele não pode falar, sinto-me na obrigação de lhe dar um nome. Acho que lhe vou chamar.... — SOMBRA.
1996

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