agosto 26, 2004

Nowhere City (I)

Nowhere City...
Finalmente a maior alegoria de todos os meus textos.
Finalmente a afirmação de um estilo.
Só por causa disso, acho que Nowhere City merece um prólogo.

Não me tinha apercebido de que o "Nowhere City" tinha aparecido tão cedo nos meus textos. Tinha ideia que tinha vindo mais tarde. Afinal de contas é só o meu 5º texto.
Já se passaram 8 anos desda a criação de "Nowhere City" e, visto agora, parece-me um pouco desactualizado, mas mesmo assim, ainda é a grande referência dos meus textos.
É em "Nowhere City" que o meu péssimismo negativista se afirma, criou-se uma estrutura "a cidade onde vive a Morte", a partir daqui tudo era possível, eu era rei e senhor do destino, a Morte funcionava a meu mando. Ah! Ah! Ah! Podia ser vitima ou heroi era só a minha mente querer.
É claro que só muito mais tarde (principalmente ao escrever "Morte e Salvação") é que reparei na influência deste texto nas minhas ideias e no meu modo de pensar. Até porque este texto está escrito ou pensado como um argumento. Foi uma tentativa de escrever argumentos, mas ficou uma coisa estranha porque a acção é escrita em Português, mas os diálogos são em Inglês, por isso, via sempre este texto como um filme, tal como ele tinha sido pensado, um delírio que tive naquela altura e não me tinha apercebido da grande alegoria que estava escondida por detrás de todas aquelas ideias...

É curioso reparar no humor subtil (sem ser o sádico!) que preenche todo este texto. É quase impossível eu voltar a escrever qualquer coisa com este tipo de humor. Todo o lugar comum que este texto feito de lugares comuns é, ajuda a dissimular e "esconder" inúmeras referências e gags.
Para começar John fica hospedado no Hotel Nightmare na Elm Street, ou seja, Nightmare on Elm Street. Na série de acontecimentos que se segue há referência de filmes, séries, histórias e, mesmo de notícias "que chocaram o mundo (Ah! Ah! Ah!)". Depois temos a Socrates Avenue, a Ravanelli street (para quem não se lembra, Ravanelli foi um grande jogador de futebol italiano), o bar que se chama "Drinks on the House" (As bebidas são à borla), a rapariga que é a Sandra Bullock (Ai, ai....) e, claro, o grande fantasma dos Doors que paira por todo o texto.

Apesar de já estar um pouco datado e de ser um lugar comum (se bem que a finalidade é mesmo essa), quanto mais me afasto deste texto, mais gosto dele. Já pensei em o adaptar para fazer uma curta-metragem, mas acaba por ser um texto demasiado Hugo Valter Moutinho, para ser eu próprio a adaptá-lo. Tem muito de mim ali dentro e tenho medo de me expôr a mim próprio na curta-metragem. Já o fiz uma vez, não sei se quero repetir a proeza...

2004

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